Tuesday, November 11, 2008

Nós provamos que Murphy estava errado


A coisa toda já dava mostras de que não ia andar bem uma semana antes do Festival um quando num telefonema combinamos de ficar num hotel. Minha intenção inicial era ir, assistir aos shows e voltar para Ribeirão na mesma noite. Mas, pedido de amiga não se recusa e decidimos pela hospedagem em algum lugar próximo de uma estação do metrô ou que não ficasse tão longe da tal Vila dos Galpões.
O problema é que parece que meio mundo estaria em São Paulo no mesmo final de semana e os hotéis com preços e quartos razoáveis localizados nas proximidades das estações do metrô estavam todos lotados. E agora? Optamos por um que era um pouco mais caro, mas resolveria nosso problema. Reserva feita, passagem comprada, finalmente chega o tão aguardado dia. E aí sim Murphy resolveu dar suas caras.
Saí de Ribeirão às 13h00, com destino a São Paulo e chegada prevista para as 17h05. Só esqueceram de avisar o motorista, que foi parando em todos os pontos da estrada para pegar outros motoristas, policiais e passageiros; e a torcida do São Paulo que, voltando de um jogo congestionou a Marginal do Tietê em pleno sábado. Assim, nosso horário que já era apertado ficou ainda pior. E também foi assim que, ligando para a Dri para avisar que estava chegando, descobri que o hotel simplesmente sumiu com nossa reserva e a gente estava, literalmente, na rua. Com tempo para raciocinar dentro do ônibus parado eu só conseguia pensar: “bem, na pior das hipóteses, nós deixamos nossas coisas num guarda-volumes na rodoviária e corremos para o show”.
Enfim, com isso tudo, além de eu atrasar para chegar na rodoviária a Dri também ia atrasar para me buscar e o intervalo até o horário do show, que era de 3h30, passou a ser de 2h30. Isso em Ribeirão Preto é uma vida, mas em SP...
Mas nós estávamos determinadas a chegar para assistir o show de Jesus and Mary Chain e era isso que faríamos. Na última hora, já na rodoviária, a Dri conseguiu o telefone de um hotel que ainda tinha vagas. Rumamos correndo para lá, entre metrô e táxis, com mochilas e muita, mas muita, ansiedade. Eu tinha certeza que ia dar tudo certo no final, mas minha companheira de aventura, coitada... estava desesperada. Ela ia basicamente para ver o show do Jesus.
No final, conseguimos um quarto e só passamos nele, mesmo, para deixar as mochilas. Descemos correndo, rumamos para a estação do metrô e, quando parecia que tudo estava correndo bem, descobrimos que a van que faz a baldeação entre duas estações de metrô que não são interligadas, simplesmente não funciona de final de semana. Era o fim... já era 19h50 mais ou menos e só tínhamos quarenta minutos. Definitivamente parecia que todas as Leis de Murphy estavam dispostas a nos mostrar quem é que mandava afinal. Mas, com a mesma determinação que eu havia dito em Londres que “não tinha ido até ali para ser derrotada por um sapato”, eu não estava disposta a ser derrotada por imprevistos. Ainda que eu não fizesse questão de assistir ao show de Jesus and Mary Chain. Corre, pede informação, pega táxi. Vai dar tudo certo agora, ok? Não. Porque apesar de todas as lendas afirmarem que motoristas de táxi em São Paulo conhecem bem a cidade, acho que pegamos justamente um que não sabia nem onde ficava o nariz. Não conhecia a Vila dos Galpões, não sabia ir a Santo Amaro e, pior, não sabia chegar na estação de trem mais próxima. O tempo corria... o trânsito parava. Para completar, ele pára o carro no meio da Marginal e diz: “Vou deixar vocês por aqui porque não sei onde é a entrada da estação. Vocês vão ter que perguntar.”
Tudo bem! Qualquer coisa é melhor que um taxista perdido. Assim, correndo da direita para a esquerda no meio da Marginal, perguntando onde era a entrada da estação, parecíamos duas baratas tontas. Até que uma outra garota vinha na direção oposta e resolvemos perguntar para ela. A resposta: “Eu também não sei. Parecer ser ali, mas está tudo fechado. E o pior é que estou atrasada para ir ao show do Jesus and Mary Chain.”
Ohhhhhhhhhhhhh God!!! Finalmente alguma coisa parecia dar certo. Mas a essa altura já eram umas 20h10. O que fazer então? Da-lhe táxi. Por sorte, dessa vez, um que sabia aonde ir. Sorte, porque nós três, que não nos conhecíamos arrumamos assuntos incríveis. De Tim Festival a Planeta Terra, de The Killers a Amy Winehouse, shows, cambistas, músicas, tudo foi assunto. Mas, a verdade, acho que falar sem parar era o antídoto para a ansiedade que tomava conta das três. E se não der tempo?
Mas deu! Chegamos quando Jesus tocava a primeira música.
Assistimos a todos os shows que queríamos. E, no final, fomos para casa de alma lavada com a certeza de termos provado a Murphy que ele estava errado. Afinal, nem tudo que pode dar errado vai dar errado da pior maneira possível. No nosso caso, tudo que podia dar errado acabou dando certo da melhor maneira possível.

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